A arte de bem se pronunciar

Já não é a primeira, nem a segunda... esperem, afinal é mesmo a segunda. Ontem, pela segunda vez num espaço de um mês (+/-), que consigo assistir de perto a algumas das operações da divisão de transito da PSP, e ver o seu "modos operandi".

Há coisa de um mês, ia no carro da minha mulher, quando ao passar por um viaduto (que por acaso até estava em obras e só tinha uma faixa para cada lado, e separadas por uma divisória de betão) nos deparamos com um carro da PSP vindo de frente e em contra-mão. Tudo bem que até estava com as luzes de emergência e sirene ligada, mas o nosso carro já estava por debaixo do viaduto, e fazer marcha atrás não era a opção mais rápida nem a mais viavél.
Acelaramos para sair do viaduto e para ceder então a passagem, quando se começa a ouvir ao megafone da viatura um incentivo prático para nos despacharmos, algo como: "Tira o carro daí..." "Anda com essa me#%a". Está bem que o carro era um Classe A, mas daí a ser classificado como bosta não acho que seja justo.
Mais 2 ou 3 segundos volvidos e conseguimos encostar o carro à saida do viaduto e ceder então a passagem, na mesma altura em que olhei para o carro da PSP e eis senão quando se ouve um rotundo e bem pronunciado e "Fo#a-se...", muito bem acompanhado de olhar ameaçador.
Foi mais o espanto que a indignação.
Ontem foi quase a mesma coisa, mas não foi comigo e a viatura era um reboque da PSP.
Quando um carro ao querer entrar na 2ª circular, decide querer entrar na corrente do trânsito antes da faixa de aceleração terminar, seria normal de se esperar ouvir algumas buzinadelas e/ou alguns desabafos em alta voz dos comuns dos mortais.
Ao invés, foi do reboque que se ouviu a "indignação", não com uma buzinadela merecida, mas com uma perola de português: "Anda com essa me#$a, cara##o...". Uma vez mais a última palavra foi maravilhosamente bem pronunciada.

Com uma imagem cada vez mais denegrida, não acho que seja por aqui que se vai a algum lado que não seja a mais descrença.

"Ai Costa, a vida Costa..."